Os concelhos de Torres Vedras e Alenquer são dois dos concelhos portugueses com maior tradição e produção vitivinícola de vinhos tintos, brancos e rosés, pioneiros na produção de vinhos leves, com destaque para a maior quinta produtora do país e uma das maiores do mundo, a Casa Santos Lima, e a adega cooperativa com maior produção nacional, com 42 milhões de litros de vinho (em 2016), a Adega Cooperativa de S. Mamede da Ventosa.

Com uma área conjunta de aproximadamente 714 Km2, 32% do total da região Oeste, faz fronteira a este com o rio Tejo e a oeste com o oceano Atlântico. A sua paisagem está repleta de antigas quintas, com as suas casas senhoriais, rodeadas de campos vinhateiros, onde se produzem alguns dos melhores vinhos de Portugal.

“Por um decreto do século XIII, lavrado a 5 dos idos de Março do ano de 1209, 61 anos depois da tomada de Alenquer se conclui que as vinhas eram cultivadas em todo o seu distrito”

A antiguidade da cultura da vinha na região é atestada historicamente. O Foral da Portagem de Lisboa, de c. 1377, atesta a exportação de vinho de Alenquer para Lisboa, quando determina que os moradores do Ribatejo, Vila Franca, Alenquer e outros lugares fora do termo de Lisboa, ao levarem tonéis da capital, declarando que os voltariam a trazer cheios de vinho, para os exportar ou vender em Lisboa, deixariam penhores ou pagariam a décima parte.

“Paguei [em Paris] por grossos preços garrafas do nosso adstringente e rústico vinho de Torres, enobrecido com o título de Château isto, Château aquilo, e pó postiço no gargalo.”

 

Eça de Queiroz,
A Cidade e as Serras, 1901

Em 1867 o distinto agrónomo Ferreira Lapa referiu expressamente que “nos livros estrangeiros de enologia é frequente, quando nomeiam os vinhos primorosos de Portugal, achar o de Torres logo depois do Porto, Madeira e Carcavellos”. De bebida de elite, foi-se tornando, ao longo da Idade Média, um produto de consumo generalizado.

O TERROIR DE TORRES VEDRAS

 

A frescura da influência atlântica e a diversidade explicam a variedade e a fama dos vinhos produzidos neste território.

Com uma ocupação superior a sete mil hectares de vinha, são mais de vinte os produtores que apresentam verdadeiros néctares. As terras de Torres Vedras são, essencialmente, de policultura. No entanto, a vinha, que se espalha pelas suas encostas ocupa um lugar cimeiro. A tradição vinícola remonta, pelo menos, ao tempo da colonização romana. Já a cultura metódica da vinha parece ter-se reforçado em meados do século XVIII, e no início do século XX o vinho “Torres” foi reconhecido pelo Decreto nº1 de 10 de maio de 1907.
A vinha estende-se por todo o concelho de Torres Vedras ocupando solos provenientes de formações jurássicas e eventualmente do Cretácico. A proximidade do Oceano Atlântico e os solos predominantemente argilo-calcários, cuja textura pode variar entre argilosa e franco-arenosa, produzem vinhos muito originais.
O Sol mediterrânico expressa-se em fáceis maturações e força alcoólica, enquanto o tempero Atlântico, de neblinas e brisas estivais, equilibra a acumulação de açúcares, resultando em vinhos marcados por uma refrescante acidez natural e grande mineralidade. Os vinhos brancos e tintos são conhecidos e apreciados, sendo considerados dos melhores que se produzem em Portugal.

O TERROIR DE ALENQUER

 

Entre colinas e vales, em quintas seculares nascem vinhos que convidam ao encontro personalizado com a história e a cultura.

Alenquer apresenta-se desde a Idade Média como um concelho de forte tradição vitivinícola, tendo alcançado, já em princípios do século XVI, uma produção excedentária, permitindo exportá-lo para o estrangeiro. Atualmente reúne uma área de vinha superior a 8.000 hectares, distribuída por cerca de 40 produtores cuja produção ascende a 248.000hl de vinho, sendo a zona com maior destaque no quadro da vitivinicultura da Região de Lisboa, projetando as suas quintas e o próprio concelho para terras além-fronteiras.
Em Alenquer destacam-se as terras férteis do alto concelho, por entre colinas e vales abraçados pela Serra de Montejunto e a margem direita do rio Tejo. Estas serras, posicionadas entre a zona de produção e o Oceano Atlântico, travam-lhe a influência, ao mesmo tempo que facilitam a penetração Mediterrânica.
Alenquer é ainda um território repleto de quintas seculares que aliam a produção de vinhos de reconhecido gabarito ao encontro personalizado com a história, a cultura e as gentes da terra, transformando uma visita numa experiência única repleta de sabores e cheiros, de histórias e emoções!

AS CASTAS

 

As castas plantadas na região fazem parte da história vínica do território. Destaca-se neste contexto, a Estação Vitivinícola de Dois Portos, em Torres Vedras, que se empenha na preservação das castas tradicionais da região, estando à sua guarda um riquíssimo património genético das cerca de 340 castas existentes em Portugal.

Já o terroir de Alenquer resulta em vinhos brancos aromáticos e persistentes no sabor, tintos vivos e brilhantes enquanto novos e de raro bouquet quando envelhecidos.

Estas são as principais castas plantadas na região, que fazem parte da história vínica do território e que têm vindo a ser usadas, com sucesso, na elaboração dos vinhos de Torres Vedras e Alenquer.

BRANCAS

 

FERNÃO PIRES
A variedade branca mais plantada em Portugal.

ARINTO
Uma das castas brancas que atualmente tem suscitado um interesse crescente.

VITAL
Com maior tradição na região, onde também é conhecida por Boal-Bonifácio.

SEARA-NOVA
Casta recente, resultante do cruzamento da Diagalves com a Fernão-Pires.

RABO DE-OVELHA
Casta que se encontra dispersa em vinhas mais velhas de Fernão Pires.

MALVASIA-REI
Casta recente, introduzida devido à sua alta produtividade.

ALVARINHO
Mais famosa do Minho, demostra a sua qualidade na região de Alenquer.

TINTAS

 

CASTELÃO
A casta com maior expressão na região, conhecido como Periquita ou Santarém.

TINTA MIÚDA
Já teve maior expressão, mantendo uma quota de 20% das castas tintas.

ARAGONÊZ
Ou Tinta-Roriz, é uma casta recente na região, com grande aceitação.

TOURIGA-NACIONAL
Casta recente, tem vindo a despertar o interesse dos vinicultores.

TINTA BARROCA
Casta mais plantada no Douro, permitida na elaboração de Vinho do Porto.

TOURIGA-FRANCA (Francesa)
Mais cultivada na região do Douro e vinhos do Porto.

TRINCADEIRA
Companheira ideal da casta Castelão (Periquita).

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